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Artigos

O CÉREBRO ANSIOSO

 


 

Autora: Candida Patrícia Santana Fulli de Oliveira

Artigo de conclusão da Pós-Graduação em Neuropsicologia


 

RESUMO


A ansiedade é uma das perturbações mentais mais comuns no dia a dia de cada indivíduo. Manifestam-se por distúrbios de humor, bem como de pensamento, comportamento, e atividade fisiológica. Inclui distúrbios de pânico, generalização transtorno de ansiedade, e pós-traumático, transtorno de estresse. É investigar as bases neuroquímicas e neurobiológicas do funcionamento do cérebro ansioso e seus transtornos associados. Os sintomas comuns de ansiedade acompanham as perturbações do sono, concentração, funcionamento social e ocupacional. A ansiedade está associada à inquietude, sentindo-se pressionada ou em limite, sendo facilmente fatigado, dificuldade em concentrar-se ou a mente ficar em branco, irritabilidade, tensão muscular, e irritabilidade. A etiologia de ansiedade pode incluir estresse, condição física, genética e fatores ambientais. Os sintomas de ansiedade podem ser devidos a modulação perturbada no sistema nervoso central.
Palavras-chave: Ansiedade. Sinais. Sintomas. Etiologia. Regulação emocional.

 

 

1. INTRODUÇÃO


A ansiedade é um sentimento indefinido, que acompanha os seres humanos desde seu nascimento até seus últimos momentos de vida. Muitos descrevem como uma sensação negativa de medo, inquietação, tensão ou desconforto oriundo da antecipação de ameaça do inesperado.


A resposta de luta ou fuga é uma construção de sobrevivência instintiva que prepara o corpo para essas reações.
Os sintomas de ansiedade, são reações que são produzidas no corpo e acontecem por pensamentos futuros de: preocupação, agitação, expectativas boas ou ruins e prepara o corpo para fugir ou lutar, mas podem ser também experimentadas como algo ruim, quando a pessoa não entende o porquê do ocorrido.


A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são excessivos, desproporcionais em relação à excitação, e interferem na qualidade de vida, no equilíbrio emocional ou no desempenho diário do indivíduo.


Estudos sobre ansiedade patológica e seus transtornos têm sido realizados sob a perspectiva de diferentes áreas do saber como a medicina, psicologia, neurociência, entre outras e suas observações concordam que os distúrbios da ansiedade podem se manifestar em qualquer idade, e podem estar associados a vários sintomas de perturbação emocional, como: desordens do pensamento, raiva, nervoso, insônia, choros, tristezas , assim como medicações e outras condições médicas; o início, entretanto parece sempre ocorrer de forma espontânea (SCHIFFER, 2001).


Apesar de muitos estudos serem realizados todos os anos acerca do tema da Ansiedade e seus transtornos, ainda há muito a se investigar sobre esta condição que acometia em 2017, segundo a OMS, 19 milhões de brasileiros, o que coloca o Brasil como país com o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo, e esta situação só tende a piorar com a pandemia.


Os distúrbios de ansiedade são caracterizados por uma variedade de neuroendócrinas, neurotransmissores e perturbações neuro anatômicas.
A identificação das diferenças mais relevantes é funcionalmente complicada pelo alto grau de interconectividade entre circuitos contendo neurotransmissores e neuropeptídeos em áreas límbicas, tronco encefálico e áreas mais elevadas do cérebro cortical. Além disso, uma alteração primária na estrutura ou função cerebral, ou na sinalização dos neurotransmissores pode resultar de experiências ambientais e predisposição genética subjacente; tais alterações podem aumentar o risco para a psicopatologia (CUNHA, 2001).


O cérebro é um dos mais órgãos avançados do corpo e tem uma centena de biliões de células nervosas, chamados neurônios, e muitas mais células de apoio. A partir das informações falaremos como funciona o cérebro no estado de ansiedade, e o conceito e alterações neuroquímicas no cérebro ansioso entre outros pontos sobre a ansiedade.


O objetivo deste artigo foi esclarecer o que acontece com cérebro ansioso e o que pode regular corpo e mente e neutralizar os bloqueadores que geram tensões por todo organismo do indivíduo.


Diante do exposto, consistiu como objetivo geral, investigar as bases neuroquímicas e neurobiológicas do funcionamento do cérebro ansioso e seus transtornos associados. Os objetivos específicos se destacaram em:
Definir o conceito sobre ansiedade/Diferenciar ansiedade normal e patológica/Apresentar os sinais e sintomas dos transtornos de ansiedade e suas características/Determinar as alterações neuroquímicas no cérebro ansioso/Definir o papel da regulação emocional em pessoas com ansiedade.


 

2. METODOLOGIA


O referencial metodológico abordado no artigo constitui de uma revisão de literatura, que no contexto deste estudo se propõe à busca, análise e descrição de dados voltados à resposta do problema de pesquisa sobre o funcionamento do cérebro ansioso.


A pesquisa utilizada é do tipo narrativa, pois não utiliza sistemas evidentes e metódicos para a busca e análise crítica da literatura. Ou seja, não pretende esgotar as fontes de informações sobre o assunto pois não é pautada em estratégias de busca sofisticadas. Assim, a seleção das referências e sua interpretação das informações estão intrinsicamente sujeitas à subjetividade dos autores (UNESP, 2015).


As fontes de pesquisa foram de livros de autores de referência; teses e dissertações disponíveis em repositórios de instituições de ensino superior reconhecidas; e artigos indexados bases de pesquisa como a Scielo, Google Scholar, LILACS e MEDLINE.
O levantamento de dados ocorreu no período de agosto a dezembro de 2021 fazendo uso das técnicas de pesquisa qualitativa.


 

3. DISCUSSÃO E RESULTADOS


3.1 CONCEITO SOBRE ANSIEDADE
 

A ansiedade é uma das mais condições de saúde mental comuns no Brasil que afetem 2,2 milhões pessoas em qualquer de qualquer idade. As perturbações de ansiedade estão associadas com um grau de deficiência substancial para a saúde mental e física de um indivíduo, elevando a utilização dos serviços de saúde e, devido ao seu efeito nas taxas de assiduidade no trabalho, uma carga econômica significativa para sociedade. A ansiedade pode ocorrer quando estamos preocupados, inquietos ou temerosos sobre eventos que são prestes a acontecer ou pode acontecer no futuro (FUMAGALL, 2016).
 

Se um estímulo verbal costuma acompanhar alguma situação, que é o estímulo não condicionado ou previamente condicionado para uma reação emocional, o estímulo verbal eventualmente evoca essa reação. Assim, se alguém tem medo de cobra e se o estímulo verbal cobra acompanhou algumas vezes cobras de verdade, o estímulo verbal, sozinho, pode evocar uma reação emocional. (SKINNER, 1957, p. 154-155).
 

Embora a ansiedade sobre ameaças percebidas é um ser humano natural resposta que a maioria das pessoas experimenta, se tais pensamentos começam a ter um efeito negativo impacto na vida diária de um indivíduo, eles podem ser um sinal de uma perturbação de ansiedade. (ASBAHR, 2004).
 

As perturbações de ansiedade podem afetar a qualidade de vida significativamente e estão associadas a: Deficiência social e profissional; Comorbidade com outras perturbações; um risco acrescido de suicídio; Tipos de ansiedade, há várias perturbações de ansiedade diferentes, mas podem ser difíceis de diagnosticar e, em alguns casos, difíceis de distinguir de outras perturbações da saúde mental condições, incluindo a depressão.
 

A precariedade de qualquer abordagem das emoções que considere tão-só, ou fundamentalmente, os aspectos da mente acessíveis pela introspecção tornam-se evidente com os estudos experimentais acima descritos, os quais demonstram que grande parte do funcionamento emocional ocorre (ou pode ocorrer) inconscientemente, e pela perplexidade dos indivíduos diante de suas emoções. Os processos de avaliação ao alcance da consciência não podem ser o modo, ou pelo menos o único modo, de funcionamento do cérebro emocional. Ainda que estejamos conscientes do resultado de determinada avaliação emocional (por exemplo, saber que se nutre antipatia por alguém), isto não significa que temos o entendimento consciente da origem da avaliação (saber o porquê dessa antipatia). O resultado consciente pode basear-se em intuições não-verbalizáveis, as chamadas sensações viscerais,48 e não em algum conjunto de proposições verbalizáveis. Defensores da psicologia popular (uma espécie de psicologia introspectiva) sustentam que as pessoas sabem o que vai em suas mentes e fazem uso dessas informações continuamente. (LEDOUX, 2011, p.55). LENT, (2002, p. 99) comenta que até um terço da população é afetado por um distúrbio de ansiedade durante a sua vida. Sintomas tendem a imergir na infância, adolescência ou idade adulta precoce (a idade média para o início da vida é 11 anos), mas a sua ocorrência atinge picos em meia-idade.

 

Todos sentem ansiedades ocasionalmente pessoas conseguem passar uma semana sem alguma tensão ansiosa ou uma sensação de que algo não vai correr bem. Podemos sentir ansiedade quando estamos diante de um evento importante, como um exame ou uma entrevista de trabalho, ou quando nós percebermos alguma ameaça ou perigo, como o despertar para sons estranhos durante a noite. Entretanto, essa ansiedade diária é geralmente ocasional, leve e breve, enquanto a ansiedade sentida pela pessoa com um distúrbio de ansiedade ocorre frequentemente, é mais intenso, e dura mais longo até horas, ou mesmo dias. Infelizmente, os distúrbios de ansiedade são comuns. Pesquisas mostram que até um em cada quatro adultos tem um distúrbio de ansiedade em algum momento sua vida, e que uma pessoa em cada dez provavelmente tenho um distúrbio de ansiedade no ano passado. (ASBAHR, 2004).

 

Os transtornos de ansiedade são o problema de saúde mental mais comum nas mulheres, e estão em segundo lugar apenas em relação distúrbios de uso de substâncias em homens. Os distúrbios de ansiedade podem fazer com que para que as pessoas trabalhem ou estudem, para administrar as tarefas diárias e para relacionar-se bem com outros, e muitas vezes resultam em tensão financeira e profundo sofrimento pessoal.


Embora as perturbações de ansiedade sejam comuns em todos os grupos populacionais, são duas vezes tão comuns nas mulheres como nos homens. Razões para tal foram atribuídas ao fato de as mulheres estarem expostas a mais experiências de vida estressantes e traumáticas como a gravidez, e taxas mais elevadas do que homens de abuso doméstico e sexual. A um nível mais básico, a ansiedade é um sinal para o ego o aspecto da personalidade que lida com a realidade que algo esmagadoramente horrível está prestes a acontecer e que precisa empregar um mecanismo de defesa em resposta. (ASBAHR, 2004).
 

Na tradição filosófica existencialista, A "angústia", da palavra alemã para "ansiedade", é mantida um sentimento negativo decorrente da experiência de liberdade e responsabilidade humana em um mundo onde a fé e a tradição social os laços foram minados. Clássico de angústia existencial é de uma pessoa de pé na beira de um alto penhasco ou edifício.
 

 

3.2. ANSIEDADE NORMAL E PATOLÓGICA
 

Embora a exposição precoce ao estresse e a experiência de trauma são riscos importantes de fatores de perturbação da ansiedade, provas também destaca causas biológicas, tais como questões com a regulação dos neurotransmissores e causas genéticas hereditárias (MAGRINELLI, 2010).


A capacidade de se relacionar com uma pessoa que experimenta a ansiedade é uma parte importante de uma relação terapêutica e, como tal é crucial para reconhecer que a ansiedade é não apenas um estado mental, mas também tem causas e respostas fisiológicas, que podem ser assustadoras.


Esses neurotransmissores, frequentemente denominados neuromoduladores, são capazes de afetar um número maior de neurônios ao mesmo tempo. Esses neuromoduladores também influenciam os efeitos de outros mensageiros químicos. Onde os neurotransmissores sinápticos são liberados pelos terminais dos axônios para ter um impacto de ação rápida em outros neurônios receptores, os neuromoduladores se difundem através de uma área maior e são mais lentos. (ASBAHR, 2004, p. 66).
A ansiedade torna-se um problema quando ultrapassa o seu tempo de acolhimento (duração), e/ou é de uma intensidade, ou frequência que começa a interferir com o funcionamento e bem-estar geral de uma pessoa. Estes três fatores, duração, intensidade e frequência distinguem a ansiedade normal, adaptativa, da ansiedade anormal, patológica.

 

Como tal, a ansiedade anormal difere da ansiedade normal porque é desproporcionada em relação à situação que desencadeou a resposta ansiosa. Quando a intensidade, duração e/ou frequência da ansiedade se tornam angustiantes e crônicas, de tal forma que interferem com o funcionamento de uma pessoa, é frequentemente referida como ansiedade patológica. (PRODANOV, 2013).
As perturbações da ansiedade representam formas variantes desta ansiedade patológica. Portanto, a diferença entre ansiedade normal e ansiedade anormal é a seguinte: a ansiedade é considerada normal e adaptativa quando serve para melhorar o funcionamento ou o bem-estar das pessoas (LEAHY, 2013).


Em contraste, a ansiedade anormal é uma condição crônica que prejudica o funcionamento das pessoas e interfere com o seu bem-estar. Esta deficiência causa uma angústia significativa. Existem sintomas específicos que acompanham cada distúrbio de ansiedade. No entanto, o principal critério utilizado para distinguir a ansiedade normal de um transtorno de ansiedade é que resulta numa angústia significativa, ou prejudica o funcionamento social, ocupacional, ou outras áreas importantes do funcionamento.
 

A proposta da existência de um Sistema Atencional Supervisor (SAS) compõe um modelo teórico atencional mediado por mecanismos de seleção de respostas e esquemas. Norman e Shallice (1986) diferenciam os processos atencionais automáticos (rotineiros) dos controlados (não rotineiros). Os processos automáticos são aqueles que ocorrem fora do conhecimento consciente e sem a atenção deliberada, não havendo interferência em outras ações. Em contrapartida, os processos controlados referem-se às situações que exigem um controle atencional consciente e deliberado, possibilitando a seleção/inibição de esquemas adaptativos a uma situação específica. Para lidar com esses processos, os autores propõem um modelo que inclui dois sistemas complementares: o controlador pré-programado e o SAS (ASBAHR, 2004, p. 28).
 

Há várias razões pelas quais é importante fazer esta distinção entre ansiedade normal, adaptativa, contra ansiedade como uma desordem. Primeiro, seria incorreto concluir que alguém sofras de uma perturbação de ansiedade simplesmente porque experimenta algum grau de ansiedade (PRODANOV, 2013).


Prodanov (2013) conceitua ainda, a ansiedade como uma emoção é uma reação normal a certas situações e até serve um propósito útil. Assim, não é necessário, nem benéfico, tentar livrar-nos de toda a ansiedade. É importante para cada um de nós reconhecer que as nossas próprias experiências normais de ansiedade comum são qualitativamente diferentes das de uma pessoa que experimenta uma perturbação causada pela ansiedade.
 

3.2.1. SINAIS E SINTOMAS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E SUAS CARACTERISTICAS
 

Uma experiência de angústia com perturbações do sono de acompanhamento, concentração, e o funcionamento social e/ou ocupacional são comuns sintomas em muitas das agitações da ansiedade. Apesar de as suas semelhanças, estas excitações diferem frequentemente em apresentação, curso e tratamento. Pacientes frequentemente queixam de má saúde física como a sua preocupação principal. (PRODANOV, 2013). Isto pode distrair-se temporariamente dos sintomas de ansiedade subjacentes. Isto é particularmente comum nos distúrbios de pânico, que se caracteriza por um curto período de medo intenso e uma sensação de iminência, desgraça, com sintomas físicos acompanhantes, tais como dores no peito, tonturas e falta de ar. É complicado para o indivíduo quando está em um lugar que não pode fugir e é acometido por um ataque de pânico que resulta na pessoa evitações e tais situações, com subsequentes distúrbios em funcionamento.
 

Os transtornos de ansiedade envolvem sempre uma predisposição biológica, psicológica e a exposição a fatores estressores. Assim, indivíduos de famílias ansiosas têm maior chance de desenvolver os transtornos, mas um ambiente conturbado, com dificuldades econômicas, ou experiências traumáticas, como abusos ou perdas, também contribuem para o aparecimento do quadro. A prevalência também é maior em determinados grupos, como bancários, alunos de doutorado, profissionais que trabalham em emergências e assim por diante. (CASTILLO, 2000, p. 89)


Resultado comportamental, se dá em repetidos ataques de pânico e a posterior preocupação e evasão. A fobia social descreve o medo e a ansiedade em situações sociais que levam a evitar o contato. (D’ÁVILA, 2020).


A fobia específica é caracterizada por sintomas e comportamentos semelhantes, mas é desencadeado por um objeto ou situação específica, tal como um medo de certos animais (especialmente cobras, roedores e cães); pássaros, insetos (especialmente aranhas e abelhas ou buzinas); alturas; elevadores; voar; condução de automóveis; água; tempestades; e sangue ou injeções. (D’ÁVILA, 2020). Transtorno de estresse pós-traumático e estresse agudo desordem ocorre depois de um doente experimentar um traumatismo acontecimento com posterior excitação fisiológica no rosto de estímulos que desencadeiam memórias do evento; evitar tais estímulos; e uma sensação de repetir a experiência do evento. Este último ocorre a curto prazo, enquanto o descrevem uma versão mais crônica da doença.
 

 

4. ALTERAÇÕES NEUROQUIMICAS NO CÉREBRO ANSIOSO
 

Medo e ansiedade normalmente compreendem respostas adaptativas a ameaça ou estresse. Estes conjuntos emocionais e comportamentais podem surgir em resposta ao visual, auditivo, olfativo ou para interceptar a entrada através das vísceras e o sistema nervoso endócrino e autônomo. (LEDOUX, 2011).
A ansiedade também pode ser produzida por processos cognitivos da interpretação ou lembrança, de percepção dos fatores de estresse e ameaças. O processamento emocional, em geral, pode ser dividido em componentes avaliativos, expressivos e experimentais (LEDOUX, 2011).

 

A avaliação da saliência emocional de um estímulo envolve a avaliação de sua valência (por exemplo, apetitiva contra aversiva), sua relação com
experiências anteriores de condicionamento e reforço comportamental, e o contexto em que surge.

 

A expressão emocional transmite a gama de comportamentos, manifestações endócrinas e autonômicas da emocional resposta, enquanto que a experiência emocional descreve o sentimento subjetivo que acompanha a resposta.
A hipótese de Papez inicia-se com a ideia de que as mensagens sensoriais transmitidas para o cérebro se dividem, no nível das estações intermédias no tálamo, em fluxo de pensamentos e fluxo de sentimentos. O fluxo de pensamentos é o canal por meio do qual são transmitidas informações sensoriais, através de vias ao longo do tálamo, até as regiões laterais do neocórtex. Graças a esse fluxo, as sensações são transformadas em percepções, pensamentos e lembranças. O fluxo de sentimentos também incluía a transmissão sensorial para o tálamo, mas nessa etapa as informações eram retransmitidas diretamente ao hipotálamo, segundo Cannon, possibilitando a geração de emoções. Cannon considerava o hipotálamo uma estrutura homogênea. Mas Papez apontou os corpos mamilares hipotalâmicos, assim chamados em vista de suas protuberâncias semelhantes a seios na região inferior do cérebro, como local de 75 recepção das informações sensoriais talâmicas e retransmissão posterior de mensagens para o córtex. Também definiu com precisão que área do córtex estava envolvida, propondo que o córtex cingulado (parte do córtex medial mais antigo) é a região cortical de percepção das emoções, assim como o córtex visual constitui a região de percepção visual. Fazendo uma analogia com os sistemas sensoriais, sugeriu que os núcleos talâmicos anteriores, os quais interligam os corpos mamilares ao córtex cingulado, são uma retransmissão talâmica no sistema emocional. (LEDOUX, 2011, p.75)

 

Para otimizar sua capacidade de guiar o comportamento, todos esses aspectos do processamento emocional são modulados por complexos neurobiológicos sistemas que impedem que eles se tornem persistentes, excessivos, inadequados para reforçar contingências, ou de outra forma mal adaptada. (D’ÁVILA, 2020).
 

Os processos emocionais relativos ao medo e à ansiedade que têm sido mais amplamente estudadas (em grande parte devido a sua facilidade de manipulação experimental) envolveram o condicionamento do medo pavloviano e o medo potencializado assustar (FUMAGALL, 2016).
 

Estes tipos de "aprendizagem do medo" têm sido mostrados para compreender formas de plasticidade neural dependente da experiência em uma rede anatômica ampliada que se concentra em torno do envolvimento crítico da amígdala.
As estruturas que funcionam em conjunto com a amígdala durante o medo aprendizagem incluem outras estruturas corticais mesiotemporais, o tálamo e corticais sensoriais, o córtex orbital e medial pré-frontal, a ínsula anterior, o hipotálamo e os núcleos múltiplos do tronco encefálico.


Grande parte desta rede parece participar do processo geral de associação de um estímulo condicionado ou comportamento operante com um estímulo incondicional emocionalmente saliente.
 

4.1. REGULAÇÃO EMOCIONAL EM PESSOAS COM ANSIEDADE
 

Uma nova e excitante linha de pesquisa propõe que a ansiedade envolve uma ampla gama de neuro circuitos. Estas linhas de pesquisa catapultam para o destaque de duas regulamentações chave centros encontrados nos hemisférios cerebrais o hipocampo e a amígdala. Estes centros, em são pensados para ativar o eixo hipotálamo hipófise-adrenocortical (HPA). Pesquisadores há muito tempo estabeleceram a contribuição do eixo HPA à ansiedade, mas têm sido perplexos por como é regulamentado. (LEDOUX, 2011) Eles são sustentados por novas descobertas sobre os papéis do hipocampo e da amígdala. O hipocampo e a amígdala governam memória e as emoções, respectivamente, entre suas outras funções. O hipocampo é considerado importante na memória verbal, especialmente do tempo e lugar para eventos com fortes conotações emocionais. (D’ÁVILA, 2020). O hipocampo e a amígdala são grandes núcleos do sistema límbico, um caminho conhecido pois fundamentam as emoções. Há projeções anatômicas entre o hipocampo, a amígdala, e Estudos de processamento emocional em roedores (LEDOUX, 2011) e em humanos com cérebro identificou as lesões amígdalas como crítica para as respostas ao medo. Sensorial informação entra na amígdala lateral, a partir da qual informação processada é passada para o núcleo central, o principal núcleo de saída da amígdala. O núcleo central projeto de núcleos, por sua vez, para múltiplos sistemas cerebrais envolvidos nas respostas fisiológicas e comportamentais a medo. Projeções para diferentes regiões do hipotálamo ativa o sistema nervoso simpático e induzir a liberação de hormônios de estresse. (SCHIFFER, 2001).
 

A produção de hormônios de estresse na parte ventricular núcleo do hipotálamo ativa uma cascata que conduz para liberação de glucocorticoides do córtex adrenal. Projeções a partir do núcleo central privado diferente partes da matéria cinzenta periaqueduttal, que inicia respostas analgésicas descendentes envolvendo o corpo opioides endógenos que podem suprimir a dor em um de emergência, e que também ativa as espécies-tipo respostas defensivas.
 

A ansiedade difere do medo enquanto o estímulo que produz medo ou não está presente, ou não imediatamente ameaçador, mas em antecipação ao perigo, a mesma excitação, vigilância, preparação fisiológica, e os efeitos negativos e cognitivos ocorrem (LEDOUX, 2011). Diferentes tipos de fatores internos ou externos, ou desencadeia a ação para produzir os sintomas de ansiedade desordem, agorafobia, transtorno de estresse pós-traumático, fobias específicas, e distúrbios de ansiedade generalizada, e a ansiedade proeminente que geralmente ocorre nas principais depressões. Atualmente é uma questão de pesquisa para determinar se a desregulamentação desses caminhos do medo leva aos sintomas de transtornos de ansiedade. (LEDOUX, 2011). Até agora foi estabelecido, usando neuroimagens não invasivas, que a amígdala humana também está envolvida em respostas ao medo. Trabalho precoce sobre a fisiopatologia dos distúrbios de ansiedade focado em mecanismos específicos e candidatos particulares a importância de uma abordagem holística, melhorando as previsões a partir de dados de biologia de sistemas. Associações de variáveis biológicas com a sintomatologia relacionada à ansiedade pode ter o potencial de refinar aspectos de diagnóstico e tratamento. (D’ÁVILA, 2020). Estes modelos têm indicado que o sistema imunológico, endócrino e cardiovascular todos os sistemas desempenham um papel fundamental na sustentação da ansiedade e os dados desses sistemas podem melhorar a especificidade e o poder na previsão modelos.
 

Além disso, as precisões das ferramentas preditivas podem melhorar quando múltiplas ferramentas biológicas as medidas são combinadas, reforçando a complexidade dos distúrbios de ansiedade e o possível benefício de utilizar múltiplas medidas biológicas no futuro pesquisa. (D’ÁVILA, 2020). Isto também é uma limitação para aplicações clínicas, já que múltiplas medidas são dispendiosas e demoradas. Embora muita esperança tenha sido colocada sobre a potencial utilidade de uma abordagem de biologia de sistemas, o tempo ainda é necessário para a disponibilidade de grandes dados e o desenvolvimento de novos métodos para sua análise.

5. CONCLUSÃO
 

Uma das questões que ainda motiva um grande volume de estudos são as bases neurobiológicas dos transtornos de ansiedade, ou seja, como é o funcionamento de um cérebro acometido por ansiedade patológica. As abordagens atuais da biologia de sistemas, e a pesquisa em distúrbios de ansiedade serve como prova de conceito. A maioria dos dados coletados até agora provém de pesquisa que ainda é exploratória, e que está com pouco poder e não duplicadas. Estas descobertas, no entanto, informam próximos passos potenciais neste campo. Aprendemos em grandes modelos experimentais, neuro genética e neuroimagem sobre o papel de processos como o medo é condicionado e extinto nos distúrbios de ansiedade. O desenvolvimento de abordagens de biologia de sistemas para a ansiedade é oportuno, e pode ajudar a integrar diferentes dados disponíveis fontes, trabalhando em diferentes níveis. As estruturas cerebrais e seus respectivos níveis organizativos agem e interagem, comunicam e informam, criam, desenvolvem e transformam informações e mensagens, sensações e emoções, percepções e estímulos, energias e vitalidades que ascendente e descendentemente, horizontal e longitudinalmente não só vão para todas as áreas e regiões do cérebro, mas, também para todo o organismo. Apesar da capital importância de todas as zonas do organismo e áreas cerebrais, tanto nos processos de hominização como de humanização do ser humano, umas tornam-se mais importantes que outras.
 

É da confluência das ações e das interações de tais áreas e regiões que emergem as pulsões superiores do ser humano, isto é, as suas sensações e percepções, a linguagem e a planificação tanto dos movimentos como dos comportamentos, a memória como os raciocínios, as emoções como os afetos. Estando as áreas associativas entre as que recebem informações do meio exterior e do meio interior, uma das suas funções essenciais é integrar e dinamizar as diferentes informações necessárias para a realização de ações intencionais. A maior ou menor eficiência de tais realizações interdepende, em grande parte, da natureza, positiva ou negativa, e da intensidade das emoções, as quais tanto ativam como bloqueiam as intencionalidades, os pensamentos, os raciocínios e a mente. (LEAHY, 2013, p. 34). Os distúrbios de ansiedade são tratados com psicoterapia ou/e medicamentos específicos, ou ambos. As escolhas de tratamento dependem do problema e a indicação do profissional que está acompanhando o paciente Antes de começar o tratamento, a Neuropsicóloga ou o Médico deve conduzir de forma cuidadosa avaliação diagnóstica para determinar se os sintomas de uma pessoa são causados por um distúrbio de ansiedade ou por um problema fisiológico.
 

Se um distúrbio de ansiedade for diagnosticado, o tipo de desordem ou a combinação de desordens que estão presentes devem ser identificadas, assim como quaisquer condições de coexistência, tais como depressão ou abuso de substâncias. Às vezes o alcoolismo, a depressão, ou outras condições coexistentes têm um efeito tão forte sobre a indivíduo que tratar o transtorno de ansiedade deve esperar até as condições de coexistência que são colocadas sob controle.
 

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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MAGRINELLI, A.B.; KONKIEWITZ, E.C. Ansiedade: Bases Neurobiológicas. In: Konkiewitz, E.C. (Org.). Tópicos de Neurociência Clínica. Dourados, MS : Editora da UFGD, 2010.
 

PRODANOV, C.C., ERNANI, C.F. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2ª.ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
 

LEAHY, Robert L.; TIRCH, Dennis; NAPOLITANDO, Lisa. A. Regulação emocional em psicoterapia. Porto Alegre. Artmed, 2013.
 

SCHIFFER, R.B. Distúrbios psiquiátricos na prática médica. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 21 ed., v. 2, cap 450, p. 2285-2295, 2001.

 

FUMAGALLI, J. S; GERALDI, V. H; Leandro F. Malloy – Diniz- Neuropsicologia do desenvolvimento (Artmed). Edição e ano 1/2016.
 

LEDOUX, Joseph O cérebro emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional - tradução Terezinha Batista dos Santos. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2011- 8ª Edição.
 

DAVIDSON, Richard J. O estilo emocional do cérebro [recurso eletrônico] / Richard J. Davidson [tradução de Diego Alfaro]; Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

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